Depois da Palma de Ouro em 2021 com Titane, Julia Ducournau regressa à Competição de Cannes com Alpha, um filme mais íntimo mas fiel às suas obsessões autorais.
Alpha, uma rapariga de 13 anos, vive com a mãe e enfrenta as convulsões da adolescência. Uma noite, regressa de uma festa com uma tatuagem — gesto aparentemente banal que desencadeia uma onda de tensão e revela fragilidades ocultas. Situado entre os anos 1980 e 1990, o filme introduz uma epidemia ficcional que evoca a crise da SIDA, funcionando como metáfora do medo e do estigma. Se Ducournau se afasta do horror gráfico que a tornou célebre em Raw e Titane, não deixa de explorar a transformação do corpo e a turbulência emocional da passagem à idade adulta, numa reflexão visceral sobre desejo, identidade e herança materna.